Nos próximos 30 dias a população trans de Mato Grosso do Sul vai poder dizer como está a linha de cuidado na saúde pública do Estado. Na terça-feira (10), as secretarias de Saúde e Cidadania abriram a consulta pública para receber contribuições tanto da população quanto dos profissionais.
São dois questionários para perfis diferentes. O primeiro link é exclusivo para profissionais de saúde, e o segundo, exclusivo para a comunidade LGBTQIA+.
Coordenadora do comitê técnico de saúde integral da população LGBT+, do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, a técnica na gerência de Equidade em Saúde, Lesly Lidiane Ledezma Abastoflor, explica que as pessoas vão poder descrever dados positivos e negativos do processo da linha de cuidado.
"É importante frisar que não é uma consulta pública sobre o ambulatório trans, e sim sobre a linha de cuidado de atenção à saúde integral das pessoas trans, uma ferramenta onde elas vão poder relatar as barreiras visíveis e invisíveis que já sofreram em algum atendimento no processo da linha de cuidado", enfatiza Lesly.
O lançamento da consulta pública ocorreu durante o evento "Diálogos sobre saúde trans" - reflexões acerca dos ambulatórios trans no Mato Grosso do Sul, realizado nesta terça-feira pela Defensoria Pública de MS, na Escola Superior da Defensoria.
Na oportunidade, estiveram reunidos representantes da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh), além de coordenadores da ATMS (Associação das Travestis e Transexuais de MS), IBRAT e de movimentos sociais e a população trans em geral.
Digitador, Luan Henrique da Silva Souza, de 29 anos, é membro do IBRAT/MS (Instituto Brasileiro de Transmaculinidades) e ressaltou como é fundamental discutir a saúde trans ouvindo a população.
“Tive um caso uma vez, de ir fazer uma ultrassom de vesícula, e passei por uma situação extremamente constrangedora. O rapaz que fez o exame percebeu que tinha algo ‘diferente’, e chamou outra pessoa para ver. Não era diferente, era um útero. Homem trans tem útero, tem vagina e quer ter os seus direitos. A gente precisa ter esse olhar específico”, compartilhou.
Diálogos
A programação trouxe ainda especialistas para debater o tema. A primeira a falar sobre “Humanização no atendimento de saúde: desafios e oportunidades”, foi a assistente social, especialista em saúde da família e mestranda, Bel Silva.
“A gente tem que pensar nos erros que nós, como profissionais de saúde, estamos cometendo, e o principal é essa questão do binarismo: de feminino e masculino apenas”, pontua Bel.
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